Até as crianças sabem de seus direitos

Este mês, eu apliquei uma prova para meus alunos de 11 e 13 anos sobre os direitos das crianças e me surpreendi ao ler o que escreveram. Como uma professora um tanto exigente, pedi que escrevessem 20 linhas sobre o tema e suas criatividades se expandiram durante esse tempo, havendo alunos que redigiram até mais do que o mínimo de linhas pedidas.

O interessante foi descobrir como as crianças sabem de seus direitos, do que elas precisam para ter base para se estruturar e alcançar uma vida adulta feliz. Nem mesmo eu dei uma introdução sobre o assunto, deixei que suas palavras fossem soltas e demonstrassem a quantidade de necessidade que as crianças sentem dentro de si mesmas.

Em sua maioria, tive respostas de que a família é de onde devem surgir as raízes para dar às crianças o que elas tanto precisam: amor, atenção, nutrição e diversão. Claro que estas cabecinhas não têm tanta consciência sobre o tema, até porque acredito que foi uma das primeiras vezes em que eles foram expostos ao tema e tiveram que defender seu ponto de vista, o relacionando ou não a sua própria infância.

Sobre o que elas defenderam não é exatamente isso mesmo do que elas precisam? Claro que não podemos nos esquecer da educação – a base para a criação de valores para que a criança saiba o que é ser íntegro e o que é pertinente ser feito.

Parece bater sobre a mesma tecla, mas quem trabalha com crianças e se aprofunda sobre a maneira como elas convivem com suas famílias sabe muito como está escasso o respeito ao que uma criança precisa ter em casa. Como é grande a quantidade de crianças carentes de afeto, de atenção e principalmente de nutrição e isso não se restringe a classe baixa. Vemos também crianças subnutridas na classe média e na alta, simplesmente porque não há ninguém preocupado com o que é ingerido por aqueles que não têm discernimento sobre o que comem.

Como já vi casos de crianças que são mal tratadas em casa por pais que acham que estão dando o seu melhor, mas de fato, têm filhos abandonados emocionalmente debaixo de um teto. Não é fácil tocar neste assunto, até porque queremos associar infância com alegria, mas o que se vê atualmente é uma relação cada vez menor entre o que é dar atenção a uma criança e a um animal de estimação.

Aquela frase “eu não pedi para nascer” deveria vir escrita na manta que enrola cada criança na maternidade para que os pais tenham sempre consciência de que eles colocaram no mundo mais uma pessoa e este alguém precisa de cuidados especiais até alcançar a maturidade, ou seja, a vida adulta.

Não podemos achar que criança não entende o que se passa ao seu redor, pois tudo o que elas mais têm em si é sensibilidade. Talvez possam não saber demonstrar isso ou expressam de uma maneira que ainda não compreendemos muito bem, mas basta olhar nos seus olhos que sabemos muito bem o que se passa em suas vidas, se elas são afagadas por mãos que as educam e ao mesmo tempo as dão carinho e atenção.

Retomo, atenção é algo que não se pode ser resumido a 10 minutos de conversa por dia com seu filho, é preciso tato, ouvir, olhar, sentir como ele está e o que ele está passando com ele para auxiliá-lo com suas experiências de vida, que podem parecer para um adulto muito simples de serem resolvidas, mas para quem é criança podem ser grande demais.

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